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domingo, 1 de agosto de 2010

Evolução: ontem e hoje

Entrevista concedida a Patrícia Piacentini:

Estou preparando uma reportagem sobre Biodiversidade, falando de estudos atuais que contribuem para a elucidação das lacunas da teoria da evolução e a partir dos quais se explica a biodiversidade.

O Sr. pode me ajudar, respondendo às questões abaixo? Tenho que finalizar este trabalho até dia 01/08 (domingo).

1) Pode-se dizer que a Teoria da Evolução é o estudo mais importante para se explicar a diversidade biológica? Atualmente, quais outros parâmetros são utilizados?


Eu diria que sem uma teoria que conceba a evolução biológica é impossível compreender a diversidade biológica. A vida tem uma dinâmica própria que impõe mudanças a cada geração e a evolução é uma consequência em larga escala dessa dinâmica em pequena escala. Essencialmente, uma molécula, ao se modificar, muda todo o planeta.

2) Quais as questões que a Biologia tenta responder para elucidar pontos em aberto da pesquisa de Darwin?

Em geral as pessoas se supreendem ao saber que a ciência tem muito mais perguntas em aberto do que respostas prontas e acabadas. Há algumas questões que Darwin estudou e que continuam em aberto, por exemplo, a regeneração de partes do corpo. Darwin se perguntava a razão de algumas partes se regenerarem rapidamente em alguns animais e outras não. Por exemplo, a cauda dos peixes, que são frequentemente mordidas por predadores, tem alto poder de regeneração. Hoje se sabe que existem células-tronco que são capazes de regenerar os tecidos do órgão, mas o mecanismo preciso ainda não foi esclarecido.

3) Em sua área de atuação, descreva uma pesquisa como exemplo desta relação entre Teoria da Evolução e Biodiversidade.

Estudo como cientistas do passado explicavam a biodiversidade e a forma como os estudantes de hoje conseguem concebê-la. É interessante que se encontram paralelos. Por exemplo, no passado, antes de Dawin, chegou-se a propor que a diversidade seria resultado da hibridização, da combinação das espécias originalmente criadas. Essa idéia ainda persiste de maneira muito forte. A diversificação não depende de hibridização (que pode ocorrer naturalmente e explicar a existência de algumas espécies, sobretudo de plantas, mas são poucos casos)

4) Qual a diferença entre a extinção natural, explicada por Darwin e a extinção que se vê hoje? O que deve ser feio para mudar este cenário?

As extinções locais e globais são fenômenos naturais, e ocorreram pelo menos cinco grandes extinções em massa no Fanerozoico (últimos 545 milhões de anos) e outras cinco extinções importantes, inclusive uma no Cenozoico. Mesmo assim, o número de espécies (marinhas pelo menos) tem uma tendência de alta. Há hoje mais espécies habitando ambientes marinhos do que em qualquer época do passado. No entanto, o ritmo de extinções locais e globais está aumentando o que leva muitos a acreditarem que estamos em meio ao sexto evento de extinção em massa. É importante perceber que não se pode esperar acabar com as extinções, mas sim diminuir a aceleração de seu ritmo. Por exemplo, os grandes mamíferos estão desaparecendo nos últimos 10 milhões de anos. Daqui a 10 milhões de anos, talvez 90% das espécies de mamíferos serão do tamanho de camundongos. Mas a matança de baleias e o derretimento do gelo dos pólos decerto encurta esse prazo.

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