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segunda-feira, 3 de junho de 2013

Existem espécies? Existem indivíduos ou "holobiontes"?

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Segundo dia de Conferências 
III World Summit on Evolution - Galapagos Islands - 1-5 June

O dia começou com os anúncios das decisões da reunião da noite de ontem, na qual ficou decido que iremos criar uma Sociedade Iberoamericana de Biologia Evolutiva, com grandes possibilidades de termos uma jovem brasileira como presidente. Nesse anúncio, Gabriel Trueba convidou todos a sugerirem questões interessantes sobre evolução, de modo que possamos criar uma primeira versão de um site com uma lista de pelo menos 10 boas questões que todos gostariam de conhecer a resposta. Essa questões seriam oferecidas a jornalistas especializados e ao público em geral, de maneira a iniciar uma campanha para levantar o interesse na evolução. 

Convido os leitores deste blog a contribuir com questões (em inglês), na parte reservada a comentários (ou me mandando e-mails), e eu me compromento a repassá-las aos organizadores, ok?

A primeira conferência de hoje foi The Evolution of Cooperation, apresentada por Charles Snowdon, da Universidade de Wisconsin-Madinson (USA). Ele começou mostrando como a evolução da cooperação é uma questão antiga, que teve em Darwin uma referência inicial obrigatória, da mesma forma como Bill Hamilton mais recentemente. No entanto, hoje se admite que é necessária uma aproximação com seleção simultânea em diferentes níveis, além dos mecanismos epigenéticos e ativação e desativação de genes por fatores ambientais (como ferormônios), o que torna a questão muito mais complexa. Em seguida, ele traçou uma distinção básica entre os macacos do Velho Mundo e os do Novo Mundo, mostrando uma série de características que nos levam a pensar que sejam mais parecidos com os humanos, por conta de sua anatomia, mas na verdade, do ponto de vista comportamental, os macacos do Novo Mundo são muito mais parecidos conosco. Isso justifica o grande número de estudos com animais como os micos sulamericanos, que ele analisou com detalhe. Uma das conclusões é de que o sexo sem finalidade reprodutiva tem importante função de manutenção dos comportamentos de cooperação com interessantes mecanismos moleculares atuando em nível epigenético.

A conferência seguinte foi Holobionts and Evolution, por Forest Rohwer, da San Diego State University, na Califórnia, que começou desmontando literalmente um conceito que nos parece inquestionável. Ele mostrou que aquilo que chamamos de “indivíduo”, na verdade é uma floresta (desculpe o trocadilho) de organismos, como fagos, vírus, bactérias, arqueas e eucariotos, formando um “holobionte”, que seria, em sua opinião, uma unidade de seleção natural. Desde os corais, pode-se ver uma associação complexa de organismos, que incluem espécies exclusivas de bactérias, com fagos associados. No muco das superfícies úmidas dos animais, em corais, seres humanos etc, se forma uma associação extremamente íntima entre certas moléculas, como anticorpos, e fagos especializados em destruir bactérias patogênicas. Isso amplia extraorninariamente o conceito de sistema imune, e nos ajuda a entender desde pneumonias até a doença dos corais, nas quais a ativação de partículas virais parece ser um dos fatores decisivos para a sua morte. 

O programa é extenso e vale a pena pesquisar os trabalhos dos apresentadores disponíveis na internet. Amanhã o trabalho é de campo e, se conseguir, mando fotos. Devemos visitar o lugar em que Darwin viu as tartarugas gigantes, que dão nome às ilhas. Mais informações (possivelmente com fotos) em breve!


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